RESUMO: Neste artigo debate-se o processo de implantação e instalação do Colégio Universitário da Universidade Federal do Maranhão no contexto de modernização do ensino no estado (1960/1980) e de sua transferência e reestruturação para o bairro periférico da Vila Palmeira em São Luís como Colégio de Aplicação. Analisa-se a conjuntura político-educacional que viabilizou a remoção desta unidade integrada do campus universitário como modalidade escolar de escolarização restrita a uma pequena e seletiva clientela, para uma comunidade pobre na periferia da capital. Apontam-se os confrontos entre estratégias impostas pela política educacional/gestão funcionalista do estado, e táticas de apropriação dos professores, funcionários, alunos, lideranças e organizações comunitárias pertencentes a uma cultura local, que em função de interesses interligados, defenderam a instituição como instância de pertença, permanência e sobrevivência. Utilizam-se jornais, legislação e documentação do arquivo escolar como fontes norteadas pelo referencial teórico-metodológico da história cultural. Conclui-se que a defesa constante da comunidade local, professores e funcionários pelo papel/lugar do Colégio de Aplicação como imagem simbólica e concreta de superação neste bairro suburbano e sua efetivação como escola-laboratório, campo de estágio e espaço de educação permanente e de adultos, se constitui numa moeda de troca destes indivíduos para ter acesso ao mercado de bens simbólicos e um caminho para capitalizar possibilidades de ascensão social via sucesso escolar.
ABSTRACT: This article discusses the process of implementation and installation of the University College of the Federal University of Maranhão in the context of the modernization of education in the state (1960-1980) and its transfer and restructuring to the peripheral neighborhood of Vila Palmeira in São Luís as an Application College. The political-educational conjuncture that made possible the removal of this integrated unit from the university campus as a schooling modality restricted to a small and selective clientele, to a poor community in the outskirts of the capital is analyzed. The confrontations between strategies imposed by the educational policy/functionalist management of the state, and tactics of appropriation of teachers, employees, students, leaders and community organizations belonging to a local culture, which in function of interconnected interests, defended the institution as an instance of belonging, permanence and survival, are pointed out. Newspapers, legislation, and documentation from the school archives are used as sources guided by the theoretical and methodological framework of cultural history. We conclude that the constant defense of the local community, teachers and employees for the role/place of the Colégio de Aplicação as a symbolic and concrete image of overcoming in this suburban neighborhood and its effectiveness as a school-laboratory, internship field and space for permanent and adult education, constitutes a currency of exchange for these individuals to have access to the market of symbolic goods and a way to capitalize possibilities of social ascension via school success.
RESÚMEN: En este artículo se debate el proceso de implantación e instalación del Colegio Universitario de la Universidad Federal de Maranhão en el contexto de modernización de la enseñanza en el estado (1960/1980) y de su transferencia e reestruturación para el barrio periférico de la Vila Palmeira en São Luís como Colegio de Aplicación. Se analisa la conyuntura político-educacional que viabilizó la remoción de esta unidad integrada del campus universitario como modalidad escolar de escolarización restricta a una pequeña y selectiva clientela, para una comunidad pobre en la periferia de la capital. Se apontan los confrontos entre estrategias impuestas por la política educacional/gestión funcionalista del estado e tácticas de apropiación de los profesores, funcionarios, alumnos, lideranzas y organizaciones comunitarias pertenecientes a una cultura local, que en función de intereses interligados, defendieron la institución como instancia de pertenecimiento, permanencia y sobrevivencia. Se utilizan periódicos, legislação y documentación del archivo escolar como fuentes examinadas a la luz del referencial teórico-metodológico de la historia cultural. Se concluye que la defesa constante de la comunidade local, profesores y funcionarios por el papel/lugar del Colegio de Aplicación como imagen simbólica y concreta de superación en este barrio arrabalero y su efetivación como escuela-laboratorio, campo de práctica y espacio de educación permanente y de adultos, se constituye en una moneda de cambio de estos individuos para tener acceso al mercado de bienes simbólicos y un camino para capitalizar posibilidades de ascensión social vía éxito escolar.